Artigo propõe novo caminho para a recuperação do guaiamum no Brasil

(Itajaí - 23/03/2022) Foi publicado recentemente na revista científica Wetlands Ecology and Management o artigo Management and conservation of the land crab Cardisoma guanhumi (Crustacea: Gecarcinidae) based on environmental and fshery factors: a case study in Brazil (https://link.springer.com/article/10.1007/s11273-022-09868-2).

 

Este artigo é fruto de uma parceria entre pesquisadores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul (ICMBio/CEPSUL), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e do Laboratório de Biologia da Conservação de Crustáceos e Ambientes Costeiros da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Instituto de Biociências / Campus do Litoral Paulista.

 

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A pesquisa teve como objetivo investigar a relação espacial entre apicuns e manguezais ao longo da costa brasileira, bem como suas implicações no manejo pesqueiro e estado de conservação do caranguejo terrestre Cardisoma guanhumi, conhecido popularmente como guaiamum. Este caranguejo tem sua distribuição geográfica desde a Flórida (EUA) até o Estado de Santa Catarina (Brasil). Atualmente é considerada uma espécie em perigo de extinção (categoria EN, segundo a IUCN).

 

img Cardisoma guanhumi foto Fabio Rage

 

O estudo é o primeiro a registrar a dependência entre as extensões de apicuns e manguezais, um fato relevante a ser considerado nas avaliações do habitat específico ocupado pelo guaiamum, que pode variar com a latitude e mostra dependência dos manguezais. Tal gradiente latitudinal, associado à relação apicum/manguezal sugerem a necessidade de diferentes estratégias de manejo pesqueiro para esta espécie ao longo da costa brasileira. Estas estratégias devem ser utilizadas para manter a população do guaiamum em tamanho que garanta sua conservação e recuperação, visando retirar esta espécie da condição de ameaçada de extinção.

 

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Os resultados obtidos indicam a possiblidade da continuidade da pesca do guaiamum do Pará ao Piauí (HFP, alto potencial pesqueiro). No entanto, do Ceará à Bahia o potencial pesqueiro da espécie foi considerado mediano (MFP), devido a redução na extensão do habitat, devendo ser adotadas estratégias adicionais para seu uso sustentável, como a implementação de programas socioambientais com os catadores desta espécie.

 

img 2022 03 resultados artigo guaiamum

 

Já do Espírito Santo até Santa Catarina as extensões de habitats são menores e não suportam uma grande abundância guaiamum e, portanto, seriam consideradas áreas de exclusão pesqueira (CFA), onde a exploração deve ser evitada.

 

Essas estratégias, se bem aplicadas, poderão manter a população do guaiamum em níveis que garantam a sua conservação e recuperação.