(Itajaí - 02/02/2021) Com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para o valor ambiental, social e cultural das áreas úmidas, a necessidade de sua proteção e os benefícios que proporcionam às pessoas, comemora-se em dois de fevereiro, o Dia Mundial das Áreas Úmidas.
A data foi instituída há 24 anos pelo Comitê Permanente da Convenção das Zonas Úmidas de Importância Internacional, também conhecida como Convenção Ramsar, uma referência ao nome da cidade iraniana onde o documento foi assinado em 2 de fevereiro de 1971.
Mas o que são Áreas Úmidas?
Segundo o Comitê Nacional, áreas úmidas são ecossistemas na interface entre ambientes terrestres e aquáticos, continentais ou costeiros, naturais ou artificiais, permanente ou periodicamente inundados ou com solos encharcados. As águas podem ser doces, salobras ou salgadas, com comunidades de plantas e animais adaptados à sua dinâmica hídrica.
O título de Sítio Ramsar proporciona aos ambientes úmidos maior visibilidade e acesso a benefícios financeiros ou relacionados à assessoria técnica para ações de conservação e uso sustentável. Confere ainda prioridade na implementação de políticas governamentais e reconhecimento público, tanto por parte da sociedade como por parte da comunidade internacional.
Para saber mais sobre os sítios de Ramsar no Brasil, consulte: www.icmbio.gov.br e www.mma.gov.br.
O Brasil tem 27 áreas úmidas com o título Ramsar. Cinco delas estão dentro da área de atuação do Cepsul:
Área de Proteção Ambiental (APA) Cananéia-Iguape-Peruíbe
O Sítio, situado nos Estados de São Paulo e Paraná, é uma área úmida representativa da Mata Atlântica. Faz parte do Patrimônio Mundial "Reservas do Sudeste da Mata Atlântica" e da Reserva da Biosfera da UNESCO. Possui manguezais, estuários, rios, canais lagunares, planícies costeiras, cachoeiras e ilhas marinhas e costeiras. Possui ainda matas de restinga, dunas e o mais extenso e conservado trecho de Mata Atlântica do país. Este mosaico de paisagens pantanosas de grande diversidade natural e notável beleza cênica hospeda espécies ameaçadas e endêmicas, como o mico-leão-de-cara-preta criticamente ameaçado de extinção (Leontopithecus caissara), o petrel-do-Atlântico (Pterodroma incerta) e o tucano-de-bico-vermelho (Ramphastos vitellinus). Agricultura, exploração madeireira, pesca e poluição estão entre as principais ameaças dentro deste Sítio.
APA Estadual de Guaratuba
O Sítio, localizado no litoral sul do estado do Paraná, é considerado a área mais importante para a formigueira-do-pará (Stymphalornis acutirostris), que abriga cerca de 42% da população mundial. Possui mangues bem preservados, florestas inundáveis, pântanos e mais de 3.000 hectares dos últimos restos de caixeta (Tabebuia cassinoides). Embora possa ser considerado um habitat bem preservado em comparação com outras baías do Brasil, ameaças como a pesca predatória, poluição, turismo desregulado e ocupação de áreas de manguezais estão presentes.
Estação Ecológica (ESEC) Guaraqueçaba
A Estação Ecológica de Guaraqueçaba está localizada no litoral do Estado do Paraná. Faz parte das Reservas do Sudeste da Mata Atlântica, Patrimônio da Humanidade desde 1999. O Sítio contém os habitats mais importantes para a conservação da biodiversidade in situ da região, e possui uma grande diversidade de espécies endêmicas e migratórias, como as ameaçadas de extinção. tartaruga verde (Chelonia mydas) e o vulnerável golfinho-Franciscana (Pontoporia blainvillei). O Sítio também é um exemplo representativo de processos ecológicos e biológicos significativos em andamento na evolução e desenvolvimento de ecossistemas terrestres, de água doce, costeiros e marinhos, como florestas e manguezais. Essas áreas são importantes para diferentes espécies, incluindo peixes e invertebrados, como ostras e caranguejos. As espécies invasivas e o uso de recursos biológicos representam ameaças ao local.
Parque Nacional (PARNA) Lagoa do Peixe
Sítio da Rede de Reserva Shorebird do Hemisfério Ocidental, Parque Nacional. Extensa área de planície de marismas, dunas costeiras, lagoas, lagos e pântanos associados, proporcionando importantes locais de preparação para inúmeras espécies migrantes. A Lagoa do Peixe é uma grande lagoa salobra a salina, com grandes concentrações de invertebrados. A área é muito importante para uma grande variedade de aves aquáticas, e a lagoa é uma importante área de inverno e preparação para espécies migrantes. As atividades humanas incluem caça, irrigação de campos de arroz e colheita de camarão.
ESEC do Taim
A Estação Ecológica do Taim é uma unidade de conservação de importância mundial, preservando mangues e lagoas, campos, dunas e matas, e abrigando uma grande diversidade de espécies vegetais e animais da Mata Atlântica. Sua notável avifauna inclui espécies que migram do hemisfério norte, migrantes do Cone Sul do continente e outras que vivem ali o ano todo. Espécies ameaçadas de extinção, como o albatroz-de-nariz-amarelo-do-Atlântico (Thalassarche chlororhynchos) e o tuco-tuco (Ctenomys flamarioni) são encontradas no Sítio. A Estação Ecológica do Taim é uma zona central da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica; desempenha um papel muito importante na conservação da biodiversidade, manutenção do equilíbrio ecológico da área, produção de alimentos, contenção de inundações e controle da poluição.
Texto sobre os sítios Ramsar adaptado de: https://rsis.ramsar.org/
